Almiro Rodrigues - Laydiane Ribeiro - Tereza Cristina - Viviany Viana - Wellington Amaral |
O desejo do conhecimento do mundo do surdo é, constantemente, um sentimento que seduz a nós ouvintes, desconhecedores do sistema que compõe a linguagem dos portadores de deficiência auditiva. Por este motivo nós acadêmicos do 4º período de Letras, da Faculdade São Luís de França, motivados pela proposta da professora Vilma Mota Quintela, ministrante da disciplina Identidades Culturais na Pós-Modernidade, que nos despertou quanto aos questionamentos de quem é o surdo, a comunidade surda, o povo surdo, e aliado a isto, o que querem, quais as suas pretensões, o que desejam profissionalmente.
Desconhecedores do mundo do surdo, iniciamos a nossa pesquisa e esbarramos na primeira dificuldade que a maioria de nós ouvintes encontra em qualquer outra situação que envolva este público, a comunicação com o surdo, atividade que se torna possível e efetiva apenas com o domínio da Língua Brasileira de Sinais, circunstância em que visualizamos o quanto somos inoperantes neste contexto.
Vencida a primeira barreira, com o apoio da acadêmica do Curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal de Sergipe, Priscilla Aragão, que nos iluminou no tocante à comunicação com os surdos, objeto da nossa pesquisa, iniciamos de fato a nossa missão de visualizar qual a identidade pós-moderna do surdo inserido no mundo da educação, da cultura ou do mercado de trabalho, e vislumbramos um quadro que apesar de evoluído ainda encontra-se eivado de discriminação e preconceitos que ao invés de inserirem definitivamente o surdo no mundo cultural, social e laboral do ouvinte, ainda o exclui deste contexto.
Além da barreira da linguagem ainda enfrentamos em nossa pesquisa alguns outros obstáculos para a conclusão e exposição do resultado final deste trabalho, que esperamos tornar uma ferramenta que sirva para iluminar o caminho daqueles que como nós buscam um esclarecimento maior no que se refere ao mundo do surdo, a sua identidade, a sua educação e ao mercado de trabalho em que ele quer ser inserido, fazendo um paralelo com a imagem que ele mesmo tem de si e de nós, público ouvinte.
Porém não só com as dificuldades e com os elementos que não favoreceram a pesquisa convivemos, momentos de extremo esclarecimento em relação a quem é o surdo e ao que ele quer como ser identitários nos foram revelados, demonstrando-nos que, verdadeiramente, ao contrário do que a maioria do ouvintes pensa, o surdo sabe quem é, sabe o que quer e sabe em que espaços sociais pode e quer ser inserido, mais ainda, demonstrando que tem qualidade para desempenhar funções nestes espaços.
Diante da pesquisa ficam para nós duas impressões muito fortes, na primeira visualizamos que o surdo conquistou sua identidade como ser humano, capaz e competente, incluindo-se cada vez mais, e definitivamente, nos espaços e atividades que os ouvintes nunca pensavam que eles estivessem inseridos. Finalmente na segunda impressão fica claro que nós, os ditos, considerados e autodenominados normais, temos na verdade, como eles, uma deficiência, pois se o não compreendemos é pelo desconhecimento da sua linguagem, do seu mundo, da sua cultura. Para tanto, como sugestão, opinamos para que cada um de nós, principalmente os que desejam enredar no mundo da educação, disponibilizem tempo para a apreensão da Língua Brasileira de Sinais que é a pedra fundamental na nossa caminhada rumo ao mundo do povo surdo, tornando-nos comunidade surda.